

Tudo o que aqui é contado acontece mesmo. As aventuras são reais, como as da vida de cada um de nós. Trata-se de um livro autobiográfico febril e impetuoso, como um rio; às vezes devastador, mas cheio de sagacidade, de estímulos, mordaz. Lê-se num folgo. Nada do que é dito é invenção. Não há exageros estéticos, nem pretensões literárias; nada é romanceado. Este é o grande poder envolvente de Fulmicotone: uma autenticidade irredutível. Um livro que muitas vezes sacrifica a coerência formal à autenticidade; talvez um tratamento mais racional da narrativa; um certo pudor que sistematicamente é rasgado com uma pungência cirúrgica de um entomologista que exuma os tumultos mais profundos: a fúria cega; o rigor cru da linguagem obscena. Um livro que não teme a ingenuidade, o jorro, as mudanças repentinas de velocidade, de ritmo, de atmosfera, de estilo, de perspectiva. Um livro que poderia ser confuso, desigual, obstinadamente falhado, é também precisamente de tudo isso que lhe advém a sua beleza vulcânica. O valor da experiência Bettinelli está precisamente na absoluta liberdade estilística, de se estar nas tintas para convenções, estilismos, "piscadelas", oportunismos. Um livro que, na cara do leitor, rejeita toda a miséria ácida da existência, deixando-o, ao virar a última página, com uma inebriante vontade de viver. E com uma deliciosa, incontrolável, comoção gratificante.
Pagine | 360 |
Formato | [EU] Stampa bianco e nero - standard - 135x208 mm - Carta crema - Copertina opaca |
Peso | 371 gr. |